EU CONTO PRA VOCÊ : LITERATURA & ARTE (26) – A divisão da Literatura Brasileira

Fonte da foto de Manuel Bandeira: .Acesso em 23 abr. 2022 Fotos de Margarida Drumond: acervo pessoal da autora Margarida Drumond de Assis Olá. Hoje retomamos Literatura & Arte, no espaço de Eu conto pra você. Vimos sobre os gêneros literários, como bem sabe o caro ouvinte, e, ao perceber a importância de discorrer sobre a Divisão da Literatura Brasileira para a compreensão melhor do fazer literário, assim iniciamos. É um tema também importante pelo fato de, neste ano de 2022, o Brasil comemorar os 100 anos da Semana de Arte Moderna, 1922 - em São Paulo, grande marco da nossa literatura. Tal Semana se constituiu em mudança de sentido nos textos, de estética, buscando mais o jeito de ser do próprio povo, com sua oralidade e costumes. É vital recordar que Literatura é uma técnica que nós autores utilizamos para compor nossos textos escritos. Assim, vêm todos aqueles subgêneros que já são de seu conhecimento, romances, poesias, crônicas, trovas e muito mais. Em sua etimologia, “Literatura” significa litteris, do latim, quer dizer “Letras”. Mas pode você se perguntar o porquê de fazermos literatura, qual seria a finalidade, afinal? O maior objetivo é passarmos a realidade de nosso tempo, com a nossa cosmovisão; é darmos a visão de mundo que temos, propiciar entretenimento e conhecimento. Assim, o autor em seu fazer literário expõe sentimentos e técnicas apropriados para cada gênero ou subgênero. Para melhor compreendermos a DIVISÃO DA HISTÓRIA DA LITERATURA BRASILEIRA é preciso perceber que ela se deu a partir de Eras vividas pelo nosso país; primeiro, um país dependente de Portugal; depois, emancipado. Daí, ela se divide em ERA COLONIAL e ERA NACIONAL, havendo o período de transição, quando da emancipação política e econômica. Tanto a Era Colonial quanto a Nacional tem suas divisões, que são os marcos denominados ESCOLAS LITERÁRIAS ou ESTILOS DE ÉPOCA. A ERA COLONIAL tem início em 1500, quando os portugueses chegam ao Brasil e encontram os primeiros habitantes desta terra, os indígenas, e estes tinham apenas a comunicação ágrafa; ainda sem a representação escrita da sua oralidade. A Era colonial se prolonga até o ano de 1808. Em sendo os portugueses já adeptos da escrita, começam a escrever sobre o que viam e sentiam, mediante a exuberante e densa paisagem, sobre os índios. Assim, essas anotações diárias que faziam, os registros, as manifestações que iniciam a literatura em solo brasileiro. Os denominados Estilos de Época da Era colonial são: o Quinhentismo, 1500; o Seiscentismo, 1601 ou barroco e o Setecentismo ou Arcadismo, 1768. Na sequência, acontece o período de transição, de 1808 a 1836, quando se inicia a ERA NACIONAL, sendo seus Estilos de Época - Romantismo; Realismo, Naturalismo e Parnasianismo; outro período composto dos estilos denominados Simbolismo e Pré-modernismo; seguindo-se o Modernismo, que é a época da Semana de Arte Moderna; e o Pós-Modernismo que vem até nossos dias. Gradativamente, seguiremos nesse conhecimento, destacando, de forma fluida e rápida, o Panorama Mundial; o Panorama brasileiro; as Características; e os principais autores e obras de cada Estilo de Época. Ao encerrar, nosso Encontro, hoje, trago um poema que homenageia a Semana de Arte Moderna em seu Centenário. Dela participaram, dentre outros, Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Oswald de Andrade, Cecília Meirelles, Clarice Lispector, Anita Malfati e Menotti Del Picchia. Vejamos, do poeta Manuel Bandeira, nascido em 19 de abril de 1886, em Recife, Pernambuco, e falecido em 13 outubro de 1968, no Rio de Janeiro, capital. Poética (1922) Manuel Bandeira Estou farto do lirismo comedido Do lirismo bem comportado Do lirismo funcionário público com livro de ponto espediente protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor. Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo. Abaixo os puristas. Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis Estou farto do lirismo namorador Político Raquítico Sifilítico De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo. De resto não é lirismo Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de agradar & agraves mulheres, etc. Quero antes o lirismo dos loucos O lirismo dos bêbados O lirismo difícil e pungente dos bêbados O lirismo dos clowns de Shakespeare. - Não quero saber do lirismo que não é libertação. (Vitória, 23.04.2022, Tempo: 06:32, para a Rádio Integração, Antônio Dias/MG e redes sociais) Você ouviu Margarida Drumond de Assis, escritora, jornalista e professora. Tenho livros em gêneros literários diversos, em uma caminhada que já totaliza 44 anos. Dentre eles, os romances Um conflito no amor e Aconteceu no cárcere; De novo o amor, poesia; Eu conto pra você, crônicas; Padre Antônio de Urucânia, a sua bênção, biografia; e livros de teatro e roteiro de cinema. Contatos: 61 9 8607-7680 margaridadrumond@gmail.com www.margaridadrumond.com
Coleção Margarida Drumond de Assis

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